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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Aliviando a bagagem - Max Lucado - 16º Capítulo - Compotas e geléias


16 - Compotas e Geléias

O Fardo da Inveja


O meu cálice transborda...
Salmos 23.5
Uma senhora de minha igreja deu-me, há algumas semanas, um pote de compota de pêssegos, feita em casa. Poucas iguarias na vida comparam-se aos seus pêssegos em conserva. Devesse eu algum dia enfrentar o pelotão de fuzilamento, dispensaria o cigarro, mas perguntaria se os pêssegos em conserva de Sara estavam sendo oferecidos.

Cada colherada é uma experiência celestial. O único problema com o seu presente foi que ele não durou. Sinto informar que o fundo do meu pote está à mostra. Eu logo estarei espremendo a última gota como um caubói perdido espreme o seu cantil.

Para ser totalmente honesto, estou temendo o momento.

Sua proximidade tem afetado o meu comportamento. Qualquer um que pede uma provinha de minha compota de pêssegos é recebido com um rosnado: "Nem pensar".

Se eu fosse Keith, o marido de Sara, não teria tal problema. Ele tem todos os pêssegos em conserva que deseja. O tinir da colher no fundo do pote provoca lágrimas em Keith? Improvável. Ele possui um ilimitado suprimento. Alguém pode dizer que ele tem mais do que deseja. E alguém pode perguntar por que ele tem tanto, e eu tenho tão pouco. Por que deveria ele ter uma despensa cheia, e eu, apenas um pote? Quem lhe deu a chave para o castelo das geléias-e-conservas? Quem o fez o senhor das geléias de laranja? Quem coroou Keith o rei das compotas? Não é justo. Não é direito. Na verdade, por mais que eu pense a respeito...

É exatamente o que eu não deveria fazer. Não deveria pensar a respeito. Pois repousando no final da trilha deste pensamento está a maleta mortal da inveja.

Se você ainda não viu uma na vida real, já viu uma em filmes de espionagem. O assassino a leva pela escada de serviço, para dentro de uma sala vazia, no topo do edifício. Quando se certifica de que ninguém o vê, abre a maleta. O rifle desmontado acomoda-se no interior acolchoado. O escopo, o tambor, a coronha - tudo à espera do atirador. O atirador aguardando a chegada de sua vítima.

Quem é a sua vítima? Qualquer um que tenha mais que ele. Mais quilates, mais cavalos-vapor, mais espaço no escritório, mais membros na igreja. A cobiça concentra sua atenção sobre aquele que tem mais. "Cobiçais e nada tendes; matais e invejais, e nada podeis obter" (Tg 4.2).

Honestamente, Max, eu nunca faria isto. Eu nunca mataria.

Com um rifle, talvez não. Mas com sua língua? Com seu olhar penetrante? Sua fofoca? "O ciúmes", informa Provérbios 6.34, "enfurece um homem". Você tem posto os olhos em alguém? Se o fez, cuidado; "a inveja é a podridão dos ossos" (Pv 14.30).

Precisa de um restringente para a inveja? Um antídoto para o ciúmes? O salmo que estamos estudando nos oferece um. Em vez de lamentar a compota de pêssegos que você não tem, regozije-se no cálice transbordante que você possui. "Meu cálice transborda” (Sl 23.5).

Um cálice transbordante é um cálice cheio?

Absolutamente. O vinho atinge as bordas e derrama-se pelas beiradas.A taça não é grande o suficiente para conter a quantidade. De acordo com Davi, nosso coração não e grande o suficiente para conter as bênçãos que Deus nos quer dar. Ele despeja e despeja, até que elas literalmente fluam por cima da borda e se derramam sobre a mesa. Você gostará do parágrafo escrito um século atrás por E. B. Meyer:

Qualquer que seja a bênção em seu copo, ele certamente transbordará. Com Ele, o bezerro é sempre o bezerro cevado; o manto é sempre o melhor manto; a alegria é indizível; a paz, além do entendimento... Não há relutância na benevolência de Deus; Ele não mede a sua bondade como um farmacêutico conta as suas gotas e mede as suas gramas, vagarosa e precisamente, gota a gota.

O modo de Deus é sempre caracterizado por numerosa e transbordante generosidade.

A última coisa com que devemos nos preocupar é com não ter o suficiente. Nosso copo transborda de bênçãos.

Deixe-me fazer uma pergunta - uma pergunta crucial. Se o concentrar-nos em nossos itens reduzidos leva à inveja, o que aconteceria se nos concentrássemos nos itens intermináveis? Se a consciência do que não temos cria a cobiça, seria possível a consciência de nossa abundância levar ao contentamento?

Vamos fazer uma tentativa e ver o que acontece.Vamos dedicar alguns parágrafos a um par de bênçãos que, de acordo com a Bíblia, estão transbordando em nossas vidas.

Graça abundante. "Onde o pecado abundou, superabundou a graça" (Rm 5.20, ênfase minha). Abundar é uma abundância, um excesso, uma porção extravagante.

Poderia um peixe no Oceano Pacífico preocupar-se em ficar sem oceano? Não. Por quê? O oceano abunda com água. Precisa a cotovia ficar ansiosa em achar espaço no céu para voar? Não. O céu abunda com espaço.

Deve o cristão preocupar-se com a possibilidade de o cálice da graça ficar vazio? Ele pode. Pois pode não estar consciente da abundante graça de Deus. Você está? Você está consciente de que o copo que Deus lhe deu transborda de misericórdia? Ou você está temeroso de que o seu copo se seque? Sua garantia vai expirar? Você teme que os seus erros sejam grandes demais para a graça de Deus?

Não podemos evitar inquirir se o apóstolo Paulo tinha o mesmo temor. Antes de ser Paulo, o apóstolo, ele foi Saulo, o assassino. Antes de encorajar os cristãos, ele matou cristãos. Como seria viver com um passado desses?

Ele sempre encontrava crianças a quem tinha feito órfãs?

Suas faces povoavam o seu sono? Paulo sempre perguntava:

"Pode Deus perdoar um homem como eu?"

A resposta à indagação dele e à nossa encontra-se na carta que ele escreveu a Timóteo: "E a graça de nosso Senhor superabundou com a fé e o amor que há em Jesus Cristo" (1 Tm 1.14).

Deus não é avarento com a sua graça. Seu copo pode estar baixo de dinheiro ou influência, mas está transbordando de misericórdia. Você pode não ter o primeiro lugar no estacionamento, mas você tem perdão suficiente. "Grandioso é em perdoar" (Is 55.7). Seu cálice transborda de graça.

Esperança. E porque assim é, o seu cálice transborda de esperança."Ora, o Deus de esperança vos encha de todo o gozo, e paz em crença, para que abundeis em esperança pela virtude do Espírito Santo" (Rm 15.13).

A esperança do céu faz por seu mundo o que a luz solar fazia pelo celeiro de minha avó. Devo a ela o meu amor por conservas de pêssego. Ela envasava a própria conserva e armazenava-a em um porão subterrâneo, perto de sua casa no oeste do Texas. Era uma cova funda, com degraus de madeira, paredes de madeira compensada, e um cheiro de mofo. Quando menino, eu costumava descer lá, fechar a porta, e ver quanto tempo conseguia ficar no escuro. Nem mesmo uma única réstia de luz penetrava aquela toca subterrânea. Eu me sentava silenciosamente, ouvindo o meu próprio respirar e as batidas do meu coração, ate que, não podendo mais agüentar, subia correndo a escada e escancarava a porta.

A luz entrava em avalanche no porão. Que mudança!

Momentos antes, eu não podia ver nada; de repente, podia ver tudo.

Como a luz inundando o porão, a esperança de Deus inunda o seu mundo. Por cima da doença, Ele faz brilhar o raio da cura. Para o enlutado, Ele dá a promessa do reencontro. Para a morte, Ele acende a chama da ressurreição. Para o confuso, Ele oferece a luz das Escrituras.

Deus dá esperança. E se alguém nasceu mais magro ou mais forte, mais claro ou mais escuro que você? Por que contar diplomas ou comparar currículos? O que importa se eles têm um lugar à cabeceira da mesa? Você possui um lugar à mesa de Deus. E Ele está enchendo o seu copo até transbordar.

O copo transbordante era um forte símbolo nos dias de Davi. No antigo Oriente, os hospedeiros usavam-no para enviar unia mensagem ao hóspede. Enquanto o copo permanecesse cheio, o hóspede sabia que era bem-vindo. Mas quando o copo ficava vazio, sugeria ao hóspede que a hora era tardia. Naquelas ocasiões em que o hospedeiro realmente apreciava a companhia da pessoa, ele enchia o copo até transbordar. Ele não parava quando o vinho atingia a borda; ele continuava despejando até que o líquido escorresse pelas beiradas do copo e se derramasse na mesa.

Você já notou como a sua mesa está molhada? Deus quer que você fique. Seu cálice transborda de alegria.

Transborda de graça. Não deve o seu coração transbordar de gratidão?

O coração do menino transbordou. Não no começo, objeta você. Inicialmente ele estava cheio de inveja. Mas, a tempo, ele foi cheio de gratidão.

De acordo com a lenda, ele vivia com seu pai num vale, junto a uma grande represa. Todos os dias, o pai ia trabalhar na montanha atrás de sua casa, e retornava com um carrinho de mão cheio de terra."Põe a terra em sacos, filho", mandava o pai. "E empilhe-os em frente à casa".  E embora obedecesse, o menino reclamava. Ele estava cheio daquela terra. Quando ele via o que os outros tinham, ficava furioso com eles. "Não é justo", resmungava a si mesmo.

E quando avistava o pai, objetava:

"Eles têm diversão. Eu tenho lama".

O pai sorria, punha o braço nos ombros do garoto e dizia: "Confie em mim, filho. Estou fazendo o que é melhor".

Porém era muito difícil para o menino confiar. Todos os dias o pai trazia o carregamento. Todos os dias o menino enchia os sacos. "Empilhe-os o mais alto que puder", instruía o pai, enquanto saía para buscar mais. E assim o menino enchia os sacos e os empilhava bem alto. Tão alto, que não podia ver além deles.

"Trabalhe duro, filho", disse o pai um dia. "Estamos ficando sem tempo". Enquanto falava, o pai olhava para o céu escuro. O menino fitou as nuvens e voltou-se para indagar sobre elas. Mas então o trovão ecoou e o céu se abriu. A chuva precipitou-se tão forte, que ele mal podia ver o pai através da água.

"Continue empilhando, filho!" E enquanto o fazia, o menino ouviu um forte estrondo.

A água do rio inundou a represa e invadiu a pequena aldeia. Num instante, a maré varreu todas as coisas em seu caminho, mas o dique de lama deu ao menino e ao seu pai o tempo que eles precisavam. "Rápido, filho. Siga-me".

Eles correram para o lado da montanha atrás de sua casa, e entraram num túnel. Em questão de momentos eles saíram do outro lado, correram para o alto da montanha, e fizeram uma nova cabana.

"Estaremos seguros aqui", garantiu o pai ao menino.

Somente então o filho compreendeu o que o pai fizera. Ele havia cavado uma saída. Em vez de dar ao filho o que este queria, o pai lhe deu o que ele precisava. Deu-lhe uma passagem segura e um lugar a salvo.

Não tem o nosso Pai nos dado o mesmo? Uma forte parede de graça para proteger-nos? Uma saída segura para livrar-nos? A quem podemos invejar? Quem tem mais que nós? Em vez de querer o que os outros têm, não deveríamos nos perguntar se eles possuem o que nós possuímos? Em vez de invejosos deles, que tal sermos zelosos por eles? Pelo amor de Deus, deponham os rifles e segurem os cálices. Há suficiente para todos.

Uma coisa é certa. Quando a última tempestade chegar, e você estiver seguro na casa do Pai, você não lastimará o que Ele não deu.Você estará estupefato com o que Ele fez.


Fonte: Livro "Aliviando a Bagagem" de Max Lucado

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